A rotina tem seus encantos

terça-feira, agosto 08, 2006

conversando com o Pedro ele me perguntou se eu achava que a música (arte) tinha uma evolução clara. se a música evoluía numa linha reta. na hora eu respondi que não sabia ao certo o que eu achava sobre isso. o que aconteceu foi que tanto uma resposta positiva quanto uma resposta negativa faziam sentido pra mim naquele momento. pensando com um pouco de mais calma depois cheguei à conclusão de que não há uma evolução, mas um crescimento da música. é exatamente igual ao ser humano que não evoluí mas cresce. ele me perguntou se havia sentido hoje em dia um músico tocar be-bop por exemplo. na hora eu respondi que havia sentido como qualquer expressão “artística” tem sentido. mas eu imagino que se charlie parker tivesse sobrevivido os anos 50 ele provavelmente teria parado de tocar be-bop e feito outra coisa. foi assim com miles davis e com john coltrane. é a mesma coisa alguém compor hoje em dia com as mesmas premissas que bach usava para compor. do bach infelizmente não tem gravação, mas do charlie tem. músicos irão fazer suas interpretações desses compositores e isso será ótimo (principalmente com relação ao bach de quem não temos registro fônico e que tinha que escrever as suas composições ao contrário de charlie parker que improvisava suas composições), mas não acho que esses intérpretes façam com que a música cresça, a não ser quando eles recriam em cima desses cânones. esse é o caso do schoenberg com relação à bach e do ornette coleman com relação à charlie parker.
resumindo: eu imagino que todo mundo queira estar fazendo algo aos seus 40 anos de idade diferente do que fazia aos seus vinte. com a música (arte) é igual.

luiz pretti

7 Comments:

  • At 9:16 PM, Blogger leonardo marona said…

    little bro,

    vc foi claro como uma sarabanda. isso, como vc sabe, pode ser perigoso como com parker.

    beijo grande, RESPONDE MEU E-MAIl CARALHO!

    leo

     
  • At 10:49 PM, Blogger natércia pontes said…

    eu rezro todo dia para que papai do ceu faço com vcs respondam as minhas chamadas.
    love,
    natérciah gorilla jones

     
  • At 12:20 PM, Anonymous Anônimo said…

    Concordo em parte com vc, Luiz. Também penso a história da arte de um ponto vista hermenêutico, como uma espécie de diálogo entre gerações e culturas capaz de produzir constantemente novos caminhos. Mas não sei se gosto muito da sua metáfora antropomórfica, o "crescimento", porque ela sugere a idéia de que formas artísticas anteriores corresponderiam a uma "infância" enquanto outras mais recentes uma "maturidade", talvez a idéia de uma "conversa criadora" fosse mais adequada (do meu ponto de vista). A idéia de uma evolução linear em qualquer campo é caudatária da noção de "progresso", tão poderosa durante os séculos XIX e XX quando se acreditava que caminhávamos para um destino único, melhor do que a situação atual (ou pior, conforme atesta a noção romântica de "decadência"). Hoje em dia, pensa-se a história mais como uma pluralidade de caminhos, onde o aleatório e contingente tem um papel muito presente. Enfim,... já estou me excedendo. Saudades de vcs todos. Abraços.

     
  • At 7:55 PM, Blogger leonardo marona said…

    talvez o Luiz tenha querido dizer que a arte cresceu em termos de possibilidades... que acumulou coisas durante o tempo. que se fundiu em camadas. não acho que é uma análise vertical, mas horizontal, estou enganado?

     
  • At 5:55 PM, Anonymous Anônimo said…

    Meus amores!

    sempre mto bom estar perto de vcs.
    vai maturando a ideia da festa, Ricardo, tem pouco tempo...
    Beijos

    ps: Luiz, tira o acento "...ao ser humano que não 'evolui'..."
    ps2: pensou com calma "demais"?

     
  • At 2:03 PM, Anonymous Anônimo said…

    blog do rodrigo It's alive
    blog dos irmãos pretti It's not dead

    Que bom ( apesar do primeiro não me deixar postar por não pertencer ao clã blogger's )

    Sobre a possível evolução da arte, eu entendi como o Leo. Crescimento mas não necessariamente infância-> adolescência-> maturidade ...

    Sobre a festa... relaxa Barbara, os flyers já estão sendo distribuídos no baixo gávea.

     
  • At 11:53 PM, Blogger CFagundes said…

    Pra começar, é um erro. Vc deveria estar pensando no que vai fazer amanhã, e não com 40 anos. Imprudência considerar a possibilidade de que vc esteja vivo daqui a 20 anos. Outra coisa é a irrelevância de pensar apenas a música nessa evolução, sendo que o seu conceito de música se limita à história da música que vc reconhece. Parece faltar espaço para aquilo que ainda não é. Isso é morte, nada mais. Mais uma coisa que fica confusa é sua distinção entre evolução e crescimento. Veja o cinema, esse antro de repetições geniais, e é o que é, um amontoado de interpretações. O cinema ainda existe, resta saber se já foi tudo feito, e se existe uma cota para interpretações para que o cinema continue sendo genial, ou no mínimo relevante. Resumindo: Qual é a diferença relevante entre evolução e crescimento da arte, quando o risco de que a receptividade seja nula?

     

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