A rotina tem seus encantos

quinta-feira, outubro 12, 2006

Newton.

Observa: a fruta que cai.

Imagina agora que uma mão puxando-a pelo cerne,
desde em-flor, finalmente rompeu, da mãe-árvore,
o talo, o qual, feito velho, incapaz
de resistência
a esta mão, sem braço,
cedeu:
tombou o fruto, espatifado.

Agora pensa que esta mesma mão puxa
pele, olhos, cabelos e não só, também:
entranhas, baço, fígado e rins. Ainda: aplicada
firme sobre os ombros,
pressiona, tenaz e sempre, até que,
gastos, tristes, incapazes de
opor, tombamos.

Não espatifamos
Vergamos e

Caímos,
Devagar
Mas
infalível.

João Duarte. Outubro de 2006.

5 Comments:

  • At 5:42 PM, Blogger leonardo marona said…

    porra, joão, achei do caralho poder envelhecer assim, agora, depois disso, como uma fruta sem Newton nem nada.

    não quer tomar uma cerveja mais tarde?

     
  • At 7:07 PM, Anonymous Anônimo said…

    sem palavras joão. seus poemas são de uma sutileza arrebatadora. a consciência do verso e da palavra, do ritmo e da constução, é gratificante de ler. o blog em suas mãos também tá do caralho.
    leo, seu viado tu tá no rio? estou esperando seu e-mail.
    queria, aqui, registrar um beijo pra todo mundo aí do rio. estou com saudades de todos vocês.

     
  • At 11:23 AM, Blogger leonardo marona said…

    luizinho, seu huguinho, estou, sim, no Rio... ou seria de ressaca?

    beijos. tu me cobrar um e-mail só pode ser piada, seu puto!

    saudades do tamanho do espirro de um furacão.

    leo

     
  • At 2:47 PM, Blogger CFagundes said…

    Como é que é vai sair filme aí desse Nordeste?

     
  • At 11:17 AM, Anonymous Anônimo said…

    cris,
    já filmamos um. assim que ele ficar pronto eu mando um cópia pro rio pra vocês assistirem. ele foi filmado aqui na sabiaguaba e eu e o ricardo atuamos no filme. acho vai ficar legal.
    abs.

     

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