“Senti e não estranhei que o pão tão saboroso ao paladar saudável seja enjoativo ao paladar enfermo e que a luz agradável aos olhos que vêem bem seja desagradável aos doentes. E a vossa justiça é desagradável aos maus – o mesmo acontece com a víbora e os répteis, que foram criados bons e adequados à parte inferior da Criação, à qual os seres maus também pertencem -, sendo tão mais semelhantes quanto são diferentes de Vós. Do mesmo modo, os maus são tão mais semelhantes aos seres superiores quanto mais se tornam semelhantes a Vós. Indaguei sobre a maldade e não encontrei uma substância, mas sim a perversão da vontade afastada de Vós, o Ser Supremo, tendendo em direção às coisas inferiores, expelindo suas entranhas e inchando-se toda”.
Santo Agostinho, Confissões, Cap. 16.
enviado por João.
Santo Agostinho, Confissões, Cap. 16.
enviado por João.


4 Comments:
At 2:47 AM,
Anônimo said…
para ele, ela é a víbora, "perversao da vontade, afastada de Vós, o ser supremo, tendendo em direção as coisas inferiores", ele Santo restou ali, "expelindo suas entranhas e inchando-se toda". ele foi menos que uma mulher mal-amada. ele foi pós-pós-pós moderno sem nem.saber.a poem for a poem.a rose is a rose is a rose.
At 3:19 PM,
Anônimo said…
joão,
eu não entendi. vou reler e me esforçar um pouco mais.
At 2:04 PM,
Anônimo said…
Na verdade, eu postei esta passagem das Confissões pela sua "qualidade literária". É bom para caramba, não é? Realmente, fica difícil entendê-la sem conhecer um pouco do contexto de discussão. O que está em jogo aí é o tema da teodicéia, ou melhor, o problema do mal no mundo: se Deus é bom e perfeito porque há o mal no mundo? Nesta passagem, Agostinho tem um insight a respeito desta questão, e sugere que o mal não é uma substância, uma condição objetiva, mas sim "corrupção", afastamento do bem, que é divino.
At 2:17 PM,
Anônimo said…
Outra coisa que está presente aí é o tema da cosmologia aristotélica: "a grande cadeia do Ser". É como se o cosmo fosse ontologicamente hierarquizado, como várias camadas ascendentes de perfeição, das criaturas mais desprezíveis, répteis e víboras, até os astros. O cristianismo se apropriou disso, substituindo a palavra "Criação" para Cosmo e colocando o Deus cristão no lugar dos astros.
Postar um comentário
<< Home