“fora daqui”
pais, urge que expulsem
suas crianças de casa.
é uma questão de amor e morte.
escorracem seus sonhos monossilábicos,
deixem-nas correr do próprio inverno,
permitam que a morte as olhe de perto
dia e noite com carrosséis sem música.
só não as mate pelo amor de menos,
que não foi possível no tempo apto.
elas são fortes, suportarão, intactas
em sua fonte firme de riqueza quebradiça,
banhadas da própria dor no doce parto.
a primeira maldade fez do amor ato impuro,
a segunda egoísmo e a terceira eternidade.
e todas as crianças sobrepujadas são santas,
e todas as pudicas são escravos paralíticos.
deixem-nas colher seus olhos híbridos
no beco escuro aonde lobos espreitam.
deixem-nas morrer por toda a vida –
não minha ou sua – mas por inteiro,
pois só há vida onde existe o medo.
Leo Marona.
pais, urge que expulsem
suas crianças de casa.
é uma questão de amor e morte.
escorracem seus sonhos monossilábicos,
deixem-nas correr do próprio inverno,
permitam que a morte as olhe de perto
dia e noite com carrosséis sem música.
só não as mate pelo amor de menos,
que não foi possível no tempo apto.
elas são fortes, suportarão, intactas
em sua fonte firme de riqueza quebradiça,
banhadas da própria dor no doce parto.
a primeira maldade fez do amor ato impuro,
a segunda egoísmo e a terceira eternidade.
e todas as crianças sobrepujadas são santas,
e todas as pudicas são escravos paralíticos.
deixem-nas colher seus olhos híbridos
no beco escuro aonde lobos espreitam.
deixem-nas morrer por toda a vida –
não minha ou sua – mas por inteiro,
pois só há vida onde existe o medo.
Leo Marona.


1 Comments:
At 2:55 AM,
Anônimo said…
um bebê que nasce mudo, chora sem som? joão, me sinto muda, mesmo depois de falar, a palavra 'obrigada' é o próprio agradecimento? est'outra voz é rara rara, pássaro fugaz da minha falta. leo, acho que voce deixou-se enganar pelo meu rosto de almofada, pois que esse meu silêncio gosta de se suicidar. agora o teu "fora daqui". tem um momento que as palavras se transmutam no ar, deixam de ser palavras e viram a pura poesia, perdem seus sentidos e viram a poesia, perdem seu medo e viram vida, me perdem e se cristalizam. beijos aos dois.
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