A rotina tem seus encantos

sexta-feira, abril 20, 2007

Pássaro.

O Mesmo Mar, Amós Oz.


Nádia Danon. Pouco antes de morrer, um pássaro
Num ramo de árvore a acordou.
Às quatro da manhã, antes de clarear o dia, narimi
Narimi, disse o pássaro. Acorda, acorda.

O que serei eu depois que morrer? Um som, um aroma,
Ou nada. Comecei uma toalhinha.
Talvez ainda termine. O doutor Salatiel está otimista: o quadro é
Estável, diz. Talvez o esquerdo
Esteja um pouquinho menos bem. O direito está ótimo. As
Radiografias são bem nítidas. A senhora pode ver: não se nota nenhuma
ramificação.

Às quatro da manhã, antes de o dia clarear, Nádia Danon
Começa a recordar. Queijo de ovelha. Copo de vinho.
Cacho de uvas. O cheiro da tarde lenta nas colinas de Creta,
O gosto da água fria, o sussurro dos pinheiros, a sombra das
Montanhas
Cai sobre toda a planície, narimi
Narimi, cantou o pássaro. Vou me sentar e bordar. Antes do
amanhecer eu termino.

enviado por João.

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