Todo o problema sobrevém
quando deixas de acreditar
nas palavras.
Ele então se vira, um bicho assola
seu rosto, carcomendo pelo corpo
as margens do homem
- dispersa pelo ar suas fantasias vestidas de sentido.
Quer outra flor.
Muitos ouvidos abstraem essa voz - busca
o berro que sussurra no sol
do
despertar.
Embrutecer o nome da palavra
Leva a Noite-de-Sonos-Intraqüilos – a distender o
tempo numa cobra venenosa que
erguida
olhando-me
estátua
enrosca-se na espiral desta decadência até o
fundo-infindar da máscara soterrada no meu
ventre.
Arranca a minha pele
indiferente à morte.
Ela perde-se nos bosques onde só me encontro
perdida. Aqui marco meus passos. Pegadas desta vida.
Aqui invento este lugar nenhum. Me julgo a liberta.
E foi liberta que levei-me a escrever o segundo poema
de nome “arte pelo sufocamento”.
A luz no fundo do abismo
oscila
não há saída pela porta
de entrada.
Ensombrece à velocidade da indiferença.
Quando enfim cessar,
Quando tudo parar de brilhar
Quando teu dia tornar-se quatro
Blocos desabando um sobre o outro
O bloco escuro da noite sobre a tarde,
Amarga, sobre a manhã, madrugada, este
dégradé de esperança e morte, cinza, azul e amarelo.
E toda a nossa vida, girando
torta, tudo vivo, cindido e feio.
O asco dói na saliva.
O vôo vomita a entranha.
Suportamos o insuportável.
E, ainda por cima,
o mais horrível dos castigos está sempre à minha espera.
Ama-me
como ninguém.
(daniela szwertszarf)